Coletânea Maldições: O Rugido dos Condenados
O Rugido dos Condenados
O Rugido Condenados Parte 1
Desde o início dos tempos, sabe-se sobre a existência de maldições. Nem todas as maldições têm uma história de origem, mas todas elas têm alguma história. A Coleção de Maldições foi criada com o intuito de reunir e difundir todo o conhecimento existente sobre as maldições existentes.
Seattle, 2005
Richard
acorda em um quarto de paredes cor azul-escuro, e chão encarpetado
de cor marrom palha. Ao lado de sua cama há uma mesa e uma cadeira
de madeira envelhecida, e nada mais. “Que porra e essa?” Pensa
Richard, sua respiração acelera. Confuso e assustado ele corre até
a porta, primeiro tenta girar a maçaneta, mas a porta está
trancada, desesperado ele esmurra a porta enquanto grita, mas ninguém
parece ouvir. O rapaz decide aproximar a boca ao vão do batente e
barganhar sua liberdade. “EI! POR FAVOR! ME TIRA DAQUI! Eu não sei
o que tá rolando, eu, eu, eu não sei de nada! VOCÊS PEGARAM O CARA
ERRADO! EI! Por favor…”. Richard ouve algo, então aproxima o
rosto da porta, hesitante,
ele calmamente coloca a orelha contra a porta, nada se ouve, e então
passos, passos se afastando da porta, então silêncio… Um som
ensurdecedor de alguém inspirando faz Richard saltar para trás, ele
se atrapalha e cai de bunda no chão, e rapidamente corre de volta
para a cama. Com as costas coladas na parede, ele observa a porta do
outro lado do quarto, seu coração dispara.
Algumas
horas se passam, Richard está na mesma posição, porém dormindo. O
som da porta sendo destrancada ecoa na mente de Richard, os sons do
ambiente se misturam e confundem, primeiro o rangido da porta
de dobradiças
velhas, depois, passos pesados silenciados pelo chão
de carpete, depois um som da cadeira rangendo. Então,
uma voz rouca acorda o rapaz.
-Oi
Richard.
Richard
acorda com um susto, seus olhos arregalados e a respiração pesada,
expressam o cansaço e o estresse.
-Meu nome é
Peter. Eu sou responsável por você até que você possa ir
embora.
Em sua frente, está um senhor vestindo um suéter
cinza, com uma calca de social preta, pele branca e enrugada, com
cabelos curtos e grisalhos. “Fodeu, não são gangsteres, são
brancos pedófilos” Pensa Richard.
-O que tá acontecendo? O
que você quer?
-Bem, você morreu, e sua família nos pagou
para trazê-lo de volta. Você lembra de morrer, não é?
Richard
não respondem, mas um flashback rápido faz ele lembrar-se de cair
no chão enquanto sentia uma dor forte no peito. Ele também lembra
de sua visão ficar embaçada e escura. “Caralho! Eu morri?”
Pensa Richard.
-Nem
fodendo!
Peter esboça
um sorriso.
-Você
lembra! Eu sei que se lembra… Afinal, esse foi o momento mais
marcante da sua vida, quando você se deu conta de que ela tinha
acabado.
Richard se
rende aos fatos, mesmo a situação sendo pra la de confusa, ele sabe
bem o que aconteceu, e a sensação de vazio e angustia que lhe
agarra toda vez que olha para os olhos completamente negros de Peter,
apenas confirma tudo.
-Então
você me trouxe de volta. Tipo um zumbi?
Peter
ri.
-Não!
É tipo, alguém que acorda de um coma.
-Sei. Então, igual
Jesus?
-Achei que você era ateu!
-Eu sou ateu, não
ignorante.
-Certo, eu concordo!
-E quando é que eu posso
ir embora?
-Bem, isso é um pouco complicado. Digamos que você
se encontra em uma situação especial.
-Eu to preso
aqui...
-Sim, mas por um bom motivo.
-Qual?!
-Você
está amaldiçoado! Uma maldição chamada Maledictus Clamor, ou,
grito amaldiçoado. Nós preferimos chamar de Urro do condenado.
-O
que essa “Maldição” faz?
-Basicamente, é como estar cego
em seu mundo. Normalmente, quando os pacientes voltam eles vomitam,
urinam ou então fazem nas calcas, mas os amaldiçoados, bom…
-Que?
Como assim meu mundo?
-Bom, você estava morto! Quando estamos
mortos sempre vamos para algum lugar. E dependendo de suas crenças,
pode até ser traumático. Bom! De todos os cenários, este não é o
pior, sendo ateu, você pode ver alguma ou outra, mas todo mundo vê
coisas ruins.
-Ta, mas qual é a diferença? O que essa maldição
faz?
-Você está condenado! Isso significa que em vez de mijar
ou cagar nas calças, a primeira coisa que você fez quando voltou
pro corpo, foi soltar um urro gutural. É bizarro! Me dá arrepios
todas as vezes que acontece.
-Ta! Mas e dai?
-E dai! Que um
amaldiçoado só consegue ver o mundo dos mortos, e é ai que entra a
variação de crença pra crença, mas de forma geral você vai ver
várias coisas traumáticas.
Enquanto
gesticula, Peter fala entusiasmado, mas não perceber a mistura de
desprezo e desinteresse estampados no rosto de Richard.
-Desculpa,
eu… é que eu acho isso tão fascinante…
-Percebi.
-Enfim,
agora, que um azarado voltou amaldiçoado, um segundo ritual é
feito. Este ritual serve para gerar os óculos especiais que você
deve usar, pelo resto da sua vida.
-E com esses óculos…
-Você
poderá enxergar normalmente. Perguntas?
Richard olha
para Peter, e depois olha ao redor.
-O quarto, a cama,
você! Como eu to vendo tudo isso?
-Boa pergunta! Primeiro, tome
a sopa antes que esfrie. Bom, este é um tipo especial de quarto, é
feito para nossos pacientes descansarem após o ritual, e eu, bem, eu
não sou um ser humano como você, eu sou um ser diferente.
Richard olha
para a mesa e então percebe a tigela com sopa. “Como assim? Quando
ele pois isso ai?” pensa Richard. Então se estica até a tigela e
começa a tomar a sopa.
-Ta! Mas
quando é que eu posso ir pra casa?
-Quase sempre o processo
leva perto de três horas, mas nos tivemos um probleminha de
segurança.
-O que rolou?
-Bom, o nosso trabalho é trazer
os mortos de volta. Bom, nem todo mundo acha isso belo e moral.
-Tá,
beleza, mas tem uma coisa que eu ainda não entendi…
-Prossiga!
-Como
você sabia que eu estava morto? E como você conseguiu meu corpo do
hospital? Você roubou?
Peter solta
uma gargalhada.
-Não! Como
assim? Não estamos na idade média. Escuta! Logo após ser declarada
morte cerebral, um médico amigo nosso realiza um ritual rápido para
prender a alma ao corpo, em seguida, ele liga para a família do
morto, antes do hospital. Sua família ciente do nosso método nos
contrata, então, nós retiramos seu corpo do hospital, e do sistema!
Uma vez que temos seu corpo, nossos especialistas realizam o mesmo
ritual que realizamos nos últimos quinhentos e noventa e quatro
anos. Tá acompanhando?
-Sim.
-Bom, infelizmente existe
essa maldição. Para cada dez ressuscitados, dois se tornam
amaldiçoados. Quando isso acontece, um grupo diferente de
especialistas realiza outro ritual para lhe fornecer esses óculos
especiais.
-Eu tenho outra pergunta!
-Manda!
-Quantas
vezes dá pra trazer alguém de volta?
-Bem, de uma forma
segura? Apenas uma. Após a primeira vez, há uma chance da sua alma
ser corrompida.
-Como assim?
-Você se torna um ser das
trevas, tipo um demônio.
-Que merda… E tem como... tipo não
morrer mais?
-Ah sim! A tão sonhada imortalidade! É, Tem uma
maldição para isso. Mas, essa maldição aprisiona sua alma em
carne, ou seja, você pode até morrer, mas sua alma só existe
se estiver atrelada ao um corpo. Então, sempre que você morre, em
um piscar de olhos você volta instantaneamente, só que em um corpo
diferente, claro!
-Parece um preço justo.
-É isso
que todo mundo diz, mas você não suportaria dois dias com essa
maldição, afinal é uma maldição, não é para ser boa, é para
ser uma tortura. Imagine! Você continua ressurgindo, mas em corpos
diferentes, e sem qualquer memória, e dizem que quando você volta,
a dor é indescritível.
-E tem como cancelar isso?
-Cancelar?
Rapaz! Isso é uma maldição! Noventa e nove por cento das maldições
conhecidas possuem um contra-encanto que ninguém conhece. Aliás,
essa em específico ninguém sequer sabe como realizar, as únicas
pessoas que aparentemente sabiam, desapareceram.
Richard sente seu corpo ficando
fraco, sua visão escurece, então ele desmaia.
The Doomed Roar Parte 2
Since the beginning of time, it has been known about the existence of curses. Not all curses have an origin story, but they all have some history. The Curses Collection was created with the intent of gathering and spreading all the existing knowledge about known curses.
-Richard! Richard? Are you ok? -What was there? -You passed out. My fault. I overmedicated you, sorry. -Ok! just don't kill me again. -I won't I promise. You know It's been a while since I've talked to anyone. Usually, I guide people and walk them to the door. -Are you stuck here too? -Something like it. -What are you exactly? -I am what you call an entity. I do not have a body like you, A real voice, nothing. I am made of pure energy. I imagine you wonder how you can see me in a body talking to you. Well, I cannot change what I am, but I can change your perception. And yes! I'm stuck here too. This apartment is not in the same dimension you live in. I only exist here, and that is because I have been banned. -Banned? Like Lucifer? -Yes! But different than lucifer, I did mess up. -What did you do? -I've broken one of the most important rules, do not interfere in humanity. Before this happened, I used to do a similar job to this one, but instead of bringing it back to life, my job was to hunt and destroy corrupted souls. -How is that similar -Good question! -Wait! How did you end up doing that? -Well, you are unable to see the human world. You can only see the dead dimension. You need someone and someplace where you can stay before the ritual, and receive the instructions. And as payment, they bring me things from the human world, such as music, movies, magazines, books, and the amazing guava jam. I had it once when I went to Brazil, and honestly, It's the best candy there is. The only problem is that it is too hard to get… (uncomfortable silence) -Interesting… -Do you want a coffee? -Sure! Peter gets up and leaves the room. Richard gets up too and follows him -Wait! But before Richard goes through the door, it closes, and the boy hears the sound of the lock being locked. Richard sits back on the bed and waits for a few minutes. Soon, Peter unlocks the door and it catches Richard's attention. Out of the dark, Peter emerges, balancing on a tray, two cups full of coffee, a bottle of sweetener, and a small pot of sugar. -I'm sorry about the door, rules are rules. -Ok, Look! It is the first time I served coffee to someone here, so I only have sweetener and sugar to offer, I am not a fan of milk. -Alright, it looks great! Peter sets the tray on the bed and serves Richard, then takes one of the cups and sits in the chair opposite Richard. They drink coffee. -How's the coffee? -Good! -They tried to push me into one of those machines, but I insisted on Moka, that is the real thing. -Richard starts to feel dizzy, and when he starts to faint, Peter takes the cup from his hand, leaving the boy to pass out on the bed. When Richard wakes up blindfolded and lying in the back seat of a car, his brother drives while his older brother drives. -Where? where am I? -We are going home, Andy! How are you feeling? -That son of a bitch… did he really have to drug me? -They are full of rules. Richard sits and is still blindfolded. He takes his hands to his face, and his brother makes a warning. -Hey! Calm down! Your glasses are on the side. Groping around in the seat, Richard picks up the box with his glasses, places it on his lap, and removes the blindfold. Instantly your breathing quickens and your brother is worried. -Andy? What are you seeing? -Oh god… -Andy! Talk to me! Tell me what you see! Richard quickly opens the box and puts his glasses on his face. -Is horrible! -What did you see? -It's... It is like diving into hell… there is no ground, no sky, nothing, just deformed things, devil creatures, and clouds of smoke that seems to be alive. -Shit... -And now? -Well, since you're unemployed, and only Maddy and I know about what happened. Do you want to stay at my home for a while? - Does dad know? -No, I thought it best not to say anything till things get cool. -So, no one else knows? -No! Why? -James! Where did you meet these guys? -I, well, I, look! It is a long story. Remember those goth guys I used to hang with at school? They weren't just goths. They were into some pretty weird stuff. -Like necromancy? -Yeah! that kind of thing… -Man… -Look! You're ok! Aren't you? -Yes, apart from the fact that I hit a fucked up level of blindness -But! You're ok? -What did you tell dad? -I said you were going to stay with me for a while. I need help changing the carpet in the house. -And he bought it? -You know the Oldman. -Right... -Look! I am here for you, alright? You don't need him! We! Don't need him! -Yeah... -Do you remember anything? During the ritual? -No! I was dead, remember? -Sure. -But! Before that! what exactly happened? I remember us drinking and then I… I had a heart attack… I remember Maddy fanning me on the couch, and you disappeared. And then I remember three weird guys in the room, and one of them injected something into my arm. After that, I don’t remember anything else. James tries to hold his tears. -Instead of calling the hospital, you called these guys. Knowing what they were going to do. -You were going to die. -James… -You were going to die! YOU WOULD DIE! JUST LIKE MOM! SHOULD I LET MY LITTLE BROTHER DIE? -You didn't know that! You could have called an ambulance and taken me to a hospital. Instead! James starts to cry. -Instead! You watched me dying in your living room…
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